sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Entendendo os Conceitos da Gestão de Riscos de Desastres - Parte 1/2

              

A Multidisciplinaridade envolvida na gestão de riscos leva à disseminação de uma diversidade de termos, não havendo uma terminologia completamente consolidada. 

Essa falta de homogeneidade e a consequente sobreposição de termos pode trazer dificuldades, principalmente no que se refere às trocas de informações entre os diversos profissionais envolvidos na avaliação de riscos. Surge então a necessidade de se harmonizar o entendimento dos conceitos associados à gestão de riscos. 

Eventos são fenômenos da natureza que ocorrem sem causar danos ou vítimas , como por exemplo:

* Deslizamentos e Inundações que ocorrem em áreas não ocupadas.

Os eventos adversos, por outro lado, tratam da ocorrência desfavorável, prejudicial, imprópria de eventos. Eles trazem danos e prejuízos à população ou ao ambiente.

Os efeitos desses eventos adversos podem ou não ocasionar um desastre, dependendo de suas consequências.

Quando eventos naturais ocorrem em áreas com ocupação humana, eles podem se transformar em desastres. 

Os desastres são o resultado da ocorrência de eventos desfavoráveis sobre um sistema vulnerável, originando danos humanos, ambientais e/ou materiais, com consequentes 
prejuízos econômicos e sociais. 

Para a ocorrência de um desastre é imprescindível a presença de ocupação humana. 

Desastre ocorrido na Região Serrana do Rio de Janeiro em 2011, com mais de 900 mortos, 350 desaparecidos e milhares de desabrigados. 

Inundação em Anamã – AM, no ano de 2009. Este evento atingiu a região norte e nordeste do país, deixando 19 mortos e cerca de 186 mil desabrigados, constituindo um desastre. 

A seca na região Nordeste em 2013 foi a pior dos últimos 50 anos, afetando mais de 1.400 municípios, causando prejuízos na pecuária, agricultura, e problemas de abastecimento de água. 

Os desastres são classificados pela Defesa Civil segundo a sua intensidade, evolução e origem. A intensidade de um desastre depende da interação entre a magnitude do evento adverso e o grau de vulnerabilidade. Intensidade Evolução:

- Nível I – média intensidade: os danos e prejuízos são suportáveis e superáveis pelos governos locais e a situação de normalidade pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou complementados com recursos estaduais e federais;

- Nível II – grande intensidade: os danos e prejuízos não são superáveis e suportáveis pelos governos locais, e o restabelecimento da situação de normalidade depende da mobilização e da ação coordenada das três esferas de atuação do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) e, em alguns casos, de ajuda internacional;

- Súbitos ou de evolução aguda: se caracterizam pela velocidade com que o processo evolui e pela violência dos eventos adversos, podendo ocorrer de forma inesperada e surpreendente ou ter características cíclicas e sazonais;

- Graduais ou de evolução crônica: se caracterizam por evoluírem em etapas de agravamento progressivo;

- Naturais: causados por processos ou fenômenos naturais; e

- Tecnológicos: originados de condições tecnológicas ou industriais, incluindo acidentes, procedimentos perigosos, falhas na infraestrutura ou atividades humanas específicas.

O inventário consiste em um cadastro com os eventos, eventos adversos e desastres ocorridos em uma determinada área.

Ele contém a sua localização espacial e pode incluir informações sobre as suas principais características. Esses registros são a base para a avaliação da suscetibilidade, sendo fundamentais na previsão de novos processos e, consequentemente, para a tomada de decisões e implantação de políticas preventivas de redução de risco e adoção de medidas mitigadoras. 

- Registros locais de todos os tipos, que permitam compreender tudo que acontece no município e possibilitar estudos completos e aprofundados;

- Registros nacionais de todos os tipos de desastres, que necessitem de transferência de recursos, configura-se um banco de dados nacional atualizado sobre as ocorrências de desastres em diversos níveis; e

- Registros internacionais, que atendem a determinados requisitos mínimos, utilizado para determinar padrões globais e tendências dos acontecimentos.

A suscetibilidade constitui-se no primeiro passo para a avaliação de risco. Ela pode ser definida como a maior ou menor predisposição de ocorrência de um determinado evento 
extremo em uma área específica*, sem a consideração dos possíveis danos e de seu período de recorrência (probabilidade ou tempo de retorno). 

De uma maneira geral, pode-se dizer que a avaliação da suscetibilidade é resultante da análise de diversos fatores que condicionam a ocorrência de um fenômeno adverso (inundações, deslizamentos, secas, etc.), como por exemplo:

* Declividade, Uso do Solo e Cobertura Vegetal, entre outros. 

Assim como o risco, deve ser determinada para cada um dos eventos. 

SUSCETIBILIDADE = função (fatores condicionantes) 

No caso de inundações, a suscetibilidade vai indicar as áreas onde inundações são
prováveis, através de indicadores geomorfológicos e geológicos. 


Ela é mapeada, conforme a avaliação dos fatores que condicionam a ocorrência desses processos (forma do relevo, escoamento superficial, rede hidrográfica, tipo de solo etc.). 


Por exemplo: As margens do Rio Amazonas são altamente suscetíveis à ocorrência de inundações graduais devido às suas características físicas e às características climáticas da região. 

A suscetibilidade a deslizamentos representa uma avaliação dos tipos, do volume e da distribuição espacial dos deslizamentos que existem ou possam potencialmente ocorrer em uma área, de acordo com seus fatores condicionantes (declividade, resistência do solo,altura da encosta, litologia, entre outros), mas sem a consideração da frequência e dos possíveis danos.

suscetibilidade também pode incluir uma descrição da velocidade e da intensidade do deslizamento, potencial ou existente. 

Nos casos de seca , a suscetibilidade representa uma avaliação baseada no histórico de chuvas e clima, nos tipos de solos, no uso do solo, em relatos de moradores e em registros de estiagens (dados técnicos ou de outras fontes).

A ameaça é, segundo a Estratégia Internacional para Redução de Desastres da Organização das Nações Unidas (EIRD/ONU), um evento físico, potencialmente prejudicial, fenômeno e/ou atividade humana que pode causar a morte e/ou lesões, danos materiais, interrupção de atividade social e econômica ou degradação do meio ambiente.

Na avaliação da ameaça não se inclui nenhum tipo de previsão, ou seja, não é avaliada a probabilidade de que esses processos ocorram. 

Por exemplo: a existência de blocos instáveis junto a residências, a ocupação de áreas de extravasamento de rios, a presença de taludes com possibilidade de deslizamentos junto a uma escola são exemplos de ameaças. 

Por outro lado, chamamos de Perigo uma situação que tem potencial para causar consequências indesejáveis, como as descritas anteriormente, mas para a qual é possível fazer uma estimativa dos intervalos de tempo de ocorrência (frequência). 

Na avaliação do perigo o intervalo de tempo esperado deve ser quantificado, ou ao menos uma expectativa subjetiva do seu valor deve ser indicada. 

No mapeamento de perigo a suscetibilidade é combinada com os fatores desencadeantes, como por exemplo, tempo de retorno (TR) de chuvas intensas, o que permite estabelecer 
uma frequência determinada para os eventos potenciais. 

Assim como a ameaça, o perigo só existirá em áreas que possam ter danos! 


PERIGO = Suscetibilidade x Probabilidade  temporal (TR) 

Assim, a avaliação do perigo de uma área com ameaça de queda de um bloco de rocha, deverá incluir o local, o seu volume, a velocidade e a probabilidade da sua ocorrência dentro de um dado período de tempo:

Por exemplo: probabilidade baixa de um bloco de dimensões métricas destruir uma residência (Se possível, calcular a frequência - x % por ano). 

Da mesma forma, a descrição do perigo de uma área com ameaça de enxurrada incluirá o local, o volume e a velocidade da água e a probabilidade de ocorrência de chuvas que deflagrem esses processos em certo período de tempo: Inundação brusca. 

Por exemplo: probabilidade alta de ocorrência de uma enxurrada com danos a população. (Se possível, calcular a frequência - x % por ano) 

Por hoje é só!  Mas, daremos sequência nesse assunto no próximo post. Fiquem a Vontade para Curtir, Compartilhar, Twittar, Fazer Comentários ou Dar Sugestões. Vejo Vocês em Breve. Até........









Referências:

http://riskam.ul.pt/images/pdf/livcapnac_2010_dinamica_vertentes_risco_geomorfologico.pdf
http:/ /www.integracao.gov.br/pt/c/ document_library/get_file?uuid=53d18df5-
cf74-4be4-80c0-97ce3cebad14&groupId=10157
https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/1107494/mod_resource/content/8/Cap%C3%ADtulo%201.%20-%20Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Gest%C3%A3o%20de%20Risco%20de%20Desastres.pdf
http://www.ecapra.org/
http://www.ceped.ufsc.br/biblioteca/outros-titulos/manual-de-desastres-desastres-naturais
http://www.cprm.gov.br/gestao/Atuacao_CPRM_Programa_Gestao_Riscos.pdf
file:///C:/Users/Alex/Downloads/ulfc103627_tm_Rita_Pimenta.pdf
http://www.ipt.br/
http://www.unisdr.org/we/inform/publications/657

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